segunda-feira, 20 de dezembro de 2010


Intelectuais se aprumam, pigarreiam e começam a responder dizendo "Veja bem..." e daí em diante é um blablablá teórico que tenta explicar o inexplicável. Poesia serve exatamente para a mesma coisa que serve uma vaca no meio da calçada de uma agitada metrópole. Para alterar o curso do seu andar, para interromper um hábito, para evitar repetições, para provocar um estranhamento, para alegrar o seu dia, para fazê-lo pensar, para resgatá-lo do inferno que é viver todo santo dia sem nenhum assombro, sem nenhum encantamento.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O amor não resolve nada. O amor é uma coisa pessoal, e alimenta-se do respeito mútuo. Mas isto não transcende o colectivo. Levamos já dois mil anos dizendo-nos isso de amar-nos uns aos outros. E serviu de alguma coisa? Poderíamos mudá-lo por respeitar-nos uns aos outros, para ver se assim tem mais eficácia. Porque o amor não é suficiente.
José Saramago

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

"...De qualquer forma, não esqueça das seguintes verdades:
Não faça nada que não te deixe em paz consigo mesma;
Cuidado com o que anda desabafando;
Conte até três (tá certo, se precisar, conte mais);
Antes só do que muito acompanhado;
Esperar não significa inércia, muito menos desinteresse;
Renunciar não quer dizer que não ame;
Abrir mão não quer dizer que não queira;
O tempo ensina, mas não cura."
“Não há nada que nos dê mais segurança emocional do que não “precisar” dos outros, e sim contar com os outros para aquilo em que eles são insubstituíveis: companhia, sexo, risadas, amizade, conforto.
Se ainda não atingiu esse estágio, suba num cavalo imaginário e dê seu grito do Ipiranga. Ficar amarrado à vida alheia faz vocÊ viver menos a sua. Nada de se fazer de desentendida só para não se incomodar.Incomode-se.Dependência é morte”

[Martha Medeiros-Independência ou morte-Coisas da vida

sábado, 17 de julho de 2010

"A vida é maravilhosa, mesmo quando dolorida. Eu gostaria que na correria da época atual a gente pudesse se permitir, criar, uma pequena ilha de contemplação, de autocontemplação, de onde se pudesse ver melhor todas as coisas: com mais generosidade, mais otimismo, mais respeito, mais silêncio, mais prazer. Mais senso da própria dignidade, não importando idade, dinheiro, cor, posição, crença. Não importando nada."

LYA LUFT
In:"O ponto cego"

Temos dificuldade em lidar com silêncio: ele ressoa mal no vazio do nosso interior..."
"...silêncio não precisa ser um corte: pode ser nossa melhor maneira de falar..."
"Calar pode ser um bom exercício para nossa mente aflita de tantas informações, paralisada entre tantas escolhas, dilacerada em transformações vertiginosas como as deste tempo nosso.
Pensar sobre nós e nossa vida é um exercício: o q eu realmente desejaria ser, e o q posso fazer?..."
"...ouvir...a consciência q fala ao nosso coração - quando ele está atento."

(Lya Luft -
Em outras palavras)

sábado, 10 de julho de 2010

"Estar bem e feliz é uma questão de escolha e não de sorte ou mero acaso. É estar perto das pessoas que amamos, que nos fazem bem e que nos querem bem. É saber evitar tudo aquilo que nos incomoda ou faz mal, não hesitando em usar o bom senso, a maturidade obtida com experiências passadas ou mesmo nossa sensibilidade para isso. É distanciar-se de falsidade, inveja e mentiras. Evitar sentimentos corrosivos como o rancor, a raiva, e as mágoas que nos tiram noites de sono e em nada afetam as pessoas responsáveis por causá-los. É valorizar as palavras verdadeiras e os sentimentos sinceros que a nós são destinados. E saber ignorar, de forma mais fina e elegante possível, aqueles que dizem as coisas da boca para fora ou cujas palavras e caráter nunca valeram um milésimo do tempo que você perdeu ao escutá-las."

terça-feira, 6 de julho de 2010


"O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina, amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa."



“… Então, minha querida Amélie…você não tem ossos de vidro. Pode suportar os baques da vida.
Se deixar passar essa chance…então, com o tempo seu coração ficará tão seco e quebradiço quanto o meu esqueleto.
Então, vá em frente, pelo amor de Deus.”

-do filme, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.

Parecia muito fácil matar-me em um acesso de desespero. Era bastante fácil fazer-me de mártir. Mais difícil era não fazer nada. Suportar a vida. Esperar".

(
Medo de voar, Erica Jong, p. 296)

É fácil morrer. A toda hora, em todos os lugares, a morte está se oferecendo. Mais difícil é continuar vivendo. Eu continuo. Não sei se gosto, mas tenho uma curiosidade imensa pelo que vai me acontecer, pelas pessoas que vou conhecer, por tudo que vou dizer e fazer e ainda não sei o que será.

Minha loucura deu a volta na esquina
seguiu todos os passos da normalidade
até que entrou num prédio alto e se aquietou lá em cima
a normalidade ficou vigiando a quadra
ao mesmo tempo porteira e inquilina


Cartas extraviadas-Martha Medeiros*



Comprei um Box da Martha com 5 livros simplesmente fantásticos!Valeu muito a pena,ela escreve com a alma.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Espera aí


Todo mundo odeia esperar, mas quando algo bom acontece a primeira coisa que a gente faz é esperar que aconteça de novo; quando é ruim, a gente espera que não aconteça.
Os otimistas, quando não tem o que esperar, esperam por coisas boas. Os pessimistas, esperam pelo pior. Os realistas, esperam pelo acontecimento mais evidente.
Aqueles que não esperam, só fingem, pois com certeza estão esperando por algo que decididamente não irá acontecer. E o que a gente faz? Espera só mais pouquinho...

Débora Paixão


*Achei lindo os textos da Débora.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Quanto ao resto, sinto-me aqui perfeitamente bem. A solidão, neste verdadeiro paraíso, é um bálsamo para o meu coração sempre fremente, que transborda ao calor exuberante da primavera.
Cada árvore, cada sebe forma um tufo de flores, e a gente tem vontade de transformar-se em abelha para flutuar neste oceano de perfumes e deles fazer o unico alimento.


Goethe, "Os sofrimentos do jovem Werther"

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Você não brinca com uma criança ou colore uma figura com ela para mostrar sua superioridade. Pelo contrário, você escolhe se limitar para facilitar e honrar o relacionamento. Você é capaz de perder uma competição como um ato de amor. Isso não tem nada a ver com ganhar ou perder, e sim com amor e respeito :)

[ A Cabana ]


-Amor e respeito,fundamental!


...mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor. Cuidado comigo: um dia encontro.
(Dama da noite - Caio Fernando Abreu


Eu tenho sede de ouvir todas as músicas, ler todos os livros, conhecer todos os lugares. Fome do mundo e de gente. E essa é a sensação mais nova na minha vida, em anos. Essa vontade toda de fazer o que eu não fiz antes, de ser quem eu nunca pensei que seria. Um querer surreal de crescer. Mas eu também sinto medo. Medo de pular pra fora da bolha. De pegar no volante do carro, e assim, assumir de vez que sou adulta. Medo de toda as novas chances, novas possibilidades. Medo até do que nem chegou ainda. Medo de quem me olha, e de quem não olha também. E, principalmente, muito medo dessa sensação de ter, mais uma vez, o coração aberto pra jogo. Aberto pro que (quem) quer que venha, seja isso bom ou ruim.
E no meio de tanta duvida, tanta vontade e tanta novidade, pesadelos terriveis... Que me predem lá tras e me assustam. Repito pra mim que é só mais um teste da vida. Que pra ver se eu tô pronta pra andar pra frente, ela me joga lembranças de lá tras. Mas eu tô. Eu sei que tô. E, além do mais, isso são só pesadelos. Não tem nada de vida real nisso. Por mais que eu tenha comparado a vida real a um pesadelo, por diversas vezes, ela é muito melhor que tanto fogo, tanta dor e agonia.
E só isso que eu tenho. A vida. Com tudo que ela pode me dar. Superar, encarar, andar pra frente e me deixar levar por todas as nova coisas, é só uma opção. A melhor delas, mas ainda assim, não a unica. Ainda que seja a que eu escolhi. Doer é consequência do processo. Ser feliz, um dia, é resultado dele.

Jessica Martins

-Achei que a Jessica falou tudo e mais um pouco sobre o que eu penso de mim.
Foto:Eu

segunda-feira, 21 de junho de 2010


“Porque ainda está para nascer o primeiro homem desprovido daquela segunda pele a que chamamos egoísmo, muito mais dura que a primeira, que a tudo sangra.” (Ensaio sobre a cegueira) - José Saramago










Um\ breve homenagem para aquele que nós deixou em carne,pois sua memória viverá pra sempre em nós.

quarta-feira, 16 de junho de 2010


Certo - muitas ilusões dançaram. Mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo. Eu faço força pra manter algumas esperanças acesas - como velas.


Acho que eu digo tantas bobagens porque sei mesmo que no final de tudo a gente não vai se perder. As minhas palavras são ásperas porque as minha emoções oscilam, mas é tudo só medo de te perder por algum motivo dessa vida e acabar tendo que me esconder nas minhas mentiras de novo pra, de novo, tentar encarar o sol sem ter você. É por isso que eu sempre seguro sua mão com força, é por isso que meu abraço às vezes te sufoca e que meu coração grita tão alto que te envergonha. A verdade é que eu tinha muitas teorias de liberdade e independência, mas é verdade também que eu, antes de tudo isso, nunca tinha entendido o que era mesmo o amor nessa vida.

[Rani Ghazzaoui]

"Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouca me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do zodíaco."

Gabriel Gárcia Marques - Memórias de minhas putas tristes (pág 74)
''- Não há o que lhe esconder - disse me ela, oferecendo-me a mão para fazer a promenade. Albert, um moço honrado, é meu noivo.
Isso não era novidade para mim, pois, durante o trajeto, as outras moças me haviam contado; contudo, tal revelação abalou-me como se fosse algo totalmente inesperado, já que eu ainda não o havia associado a ela, que em tão curto espaço de tempo se me tornou tão importante. ''

Os Sofrimentos do Jovem Werther - Goethe

segunda-feira, 14 de junho de 2010


" Eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes da cobrança do meu peito. Que acha todo mundo meio feio, meio bobo, meio burro, meio perdido, meio sem alma, meio de plástico, meia bomba. E espera impaciente ser salva por uma metade meio interessante que me tire finalmente essa sensação de perna manca quando ando sozinha por aí, maldizendo a tudo e a todos. Eu só queria ser legal, ser boa, ser leve. Mas dá realmente pra ser assim? "

[ Tati Bernardi ]



''Linda menina abra as asas
Voe o mais alto que puder
Acredite você pode ir ainda mais alto
Feche os olhos, imagine-se
Nunca olhe para baixo
De a mão ao céu
Alcance o universo, almeje o infinito
Transpasse as barreiras da realidade
e siga seu coração.''

(Daniel Lessa)


"É fácil morrer. A toda hora, em todos os lugares, a morte está se oferecendo. Mais difícil é continuar vivendo. Eu continuo. Não sei se gosto, mas tenho uma curiosidade imensa pelo que vai me acontecer, pelas pessoas que vou conhecer, por tudo que vou dizer e fazer e ainda não sei o que será."


domingo, 13 de junho de 2010


Abra os olhos face ao céu
Você pôde apenas encontrar um lugar para recordar
Há algo dentro de você,
A mesma coisa dentro de mim
Em silêncio eu grito, o mundo é um só.


A Place to Remind - Rodrigo Del Arc


"Decidi me poupar mais. Tem sido difícil e nem sei se há recompensa. Talvez, quem sabe, me sentir melhor comigo mesmo."

quinta-feira, 10 de junho de 2010


"Parecia que estavam a ponto de cair, mas não: quando ela tropeçava, ele a segurava; quando ele bamboleava, ela o indireitava. Andavam em dueto,e em dueto cantavam. Detinham-se no mesmo lugar sempre, à sombra dos portais, e cantavam, com voz castigada, velhas canções mexicanas de amor e de guerra. Usavam algum instrumento, talvez um violão..."

Eduardo Galeano - Bocas do tempo


"A gente sempre procura um amor que dure o mais possível. Procura, procura, talvez tu aches. Pra mim é horrível eu aceitar o fato de que eu tô em disponibilidade afetiva. Esse espaço branco entre dois encontros pode esmagar completamente uma pessoa. Por isso eu acho que a gente se engana, às vezes. Aparece uma pessoa qualquer e então tu vai e inventa uma coisa que na realidade não é. E tu vai vivendo aquilo, porque não agüenta o fato de estar sozinho. Eu me sinto superfeliz quando encontro uma pessoa tão confusa quanto eu."

(Caio Fernando Abreu)

quarta-feira, 9 de junho de 2010


É preciso saber sentir, mas também saber como deixar de sentir, porque se a experiência é sublime pode tornar-se igualmente perigosa. Aprenda a encantar e a desencantar. Observe, estou lhe ensinando qualquer coisa de precioso: a mágica oposta do "abre-te, Sésamo". Para que um sentimento perca o perfume e deixe de intoxicar-nos, nada há de melhor que expô-lo ao sol.

Clarice Lispector

Nada mais intenso que os conselhos de Clarice,para alegrar minha alma.




terça-feira, 8 de junho de 2010

Doidas e Santas


"Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar 'the big one', aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais... Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo?

Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica,maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascinante.

Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Ultima Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora.

E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra."

Trecho da crônica. "Doidas e Santas"-Martha Medeiros


segunda-feira, 31 de maio de 2010


Existe apenas uma idade para sermos felizes, apenas uma epoca da vida de cada pessoa em que é possível sonhar, fazer planos e ter energia suficiente para os realizar apesar de todas as dificuldades e todos os obstáculos. Uma só idade para nos encantarmos com a vida para vivermos apaixonadamente e aproveitarmos tudo com toda a intensidade, sem medo nem culpa de sentir prazer. Fase dourada em que podemos criar e recriar a vida à nossa propria imagem e semelhança, vestirmo-nos de todas as cores, experimentar todos os sabores e entregarmo-nos a todos os amores sem preconceitos nem pudor. Tempo de entusiasmo e coragem em que toda a disposição de tentar algo de novo e de novo quantas vezes for preciso. Essa idade tão fugaz na nossa vida chama-se presente e tem a duração do instante que passa.

Mario Quintana

Com o Coração






Hoje eu não quero conversas vestidas de uniforme. Diálogos impecavelmente arrumados que não deixam o coração à mostra. As palavras podem sair de casa sem maquiagem. Podem surgir com os cabelos desalinhados, livres de roupas que as apertem, como se tivessem acabado de acordar. Dispensa-se tons acadêmicos, defesas de tese, regras para impressionar o interlocutor. O único requinte deve ser o sentimento. É desnecessário tentar entender qualquer coisa. Tentar solucionar qualquer problema. Buscar salvamento para o quer que seja.

Hoje eu não quero falar sobre o quanto o mundo está doente. Sobre como está difícil a gente viver. Sobre as milhares de coisas que causam câncer. Sobre as previsões de catástrofes que vão dizimar a humanidade. Sobre o quanto o ser humano pode ser também perverso, corrupto, tirano e outras feiúras. Sobre os detalhes das ações violentas noticiadas nos jornais. Não quero o blablablá encharcado de negatividade que grande parte das vezes não faz outra coisa além de nos encher de mais medo. Não quero falar sobre a hipocrisia que prevalece, sob vários disfarces, em tantos lugares. Hoje, não. Hoje, não dá. Não me interessam o disse-que-disse, os julgamentos, a investigação psicológica da vida alheia, os achismos sobre as motivações que fazem as pessoas agirem assim ou assado, o dedo na ferida.

Hoje eu não quero aquelas conversas contraídas pelo receio de não se ter assunto. A aflição de não se saber o que fazer se ele, de repente, acabar. O esforço de se falar qualquer coisa para que a nossa quietude não seja interpretada como indiferença. Hoje eu não quero aquelas conversas que muitas vezes acontecem somente para preenchermos o tempo. Para tentarmos calar a boca do silêncio. Para fugirmos da ameaça de entrar em contato com um monte de coisas que o nosso coração tem pra dizer. Além do necessário, hoje não quero falar só por falar nem ouvir só por ouvir. Que a fala e a escuta possam ser um encontro. Um passeio que se faz junto. Um tempo em que uma vida se mostra para a outra, com total relaxamento, sem se preocupar se aquilo que é mostrado agrada ou não. Se aumenta ou diminui os índices de audiência.

Hoje, se quiser, se puder, se souber, me fala de você. Da essência vestida com essa roupa de gente com a qual você se apresenta. Fala dos seus amores, tanto faz se estão perto do seu corpo ou somente do seu coração. Fala sobre as coisas que costumam fazer você sintonizar a frequência do seu riso mais gostoso. Fala sobre os sonhos que mantêm o frescor, por mais antigos que sejam. Fala a partir daquilo em você que não desaprendeu o caminho das delícias. Do pedaço de doçura que não foi maculado. Da porção amorosa que saiu ilesa à própria indelicadeza e à alheia. A partir daquilo em você que continuou a acreditar na ternura, a se encantar e a se desprevenir, apesar de tantos apesares. Conta sobre as receitas que lhe dão água na boca. Sobre o que gosta de fazer para se divertir. Conta se você reza antes de adormecer.

Hoje, me fala de você. Dos momentos em que a vida lhe doeu tanto que você achou que não iria aguentar. Fala das músicas que compõem a sua trilha sonora. Dos poemas que você poderia ter escrito, de tanto que traduzem a sua alma. Senta perto de mim e mesmo que estejamos rodeados por buzinas, gente apressada, perigos iminentes, faz de conta que a gente está conversando no quintal de casa, descascando uma laranja, os pés descalços, sem nenhum compromisso chato à nossa espera. A gente já brincou tanto de faz-de-conta quando era criança, onde foi que a gente esqueceu como se chega a esse lugar de inocência? Fala da lua que você admirou outra noite dessas, no céu. Da borboleta que lhe chamou à atenção por tanta beleza, abraçada a alguma flor, como se existisse apenas aquele abraço. Diz se quando você acorda ainda ouve passarinhos, mesmo que não possa identificar de onde vem o canto. Diz se a sua mãe cantava para fazer você dormir.

Senta perto e me conta o que você sentiu quando viu o mar pela primeira vez e o que sente quando olha pra ele, tantas vezes depois. Se tinha jardim na casa da sua infância, me diz que flores riam por lá. Conta há quanto tempo não vê uma joaninha. Se tinha algum apelido na escola. Se consegue se imaginar bem velhinho. Fala da sua família, a de origem ou a que formou. Das pessoas que não têm o seu sobrenome, mas são familiares pra sua alma. Fala de quem passou pela sua vida e nem sabe o quanto foi importante. Daqueles que sabem e você nem consegue dizer o tamanho que têm de verdade. Fala daquele animal de estimação que deitava junto aos seus pés, solidário, quando você estava triste. Diz o que vai ser bacana encontrar quando, bem lá na frente, olhar para o caminho que fez no mundo, em retrospectiva.

Podemos falar abobrinhas, desde que sejam temperadas com riso, esse tempero que faz tanto bem. A gente pode rir dos tombos que você levou na rua e daqueles que levou na vida, dos quais a gente somente consegue rir muito depois, quando consegue. A gente pode rir das suas maluquices românticas. Das maiores encrencas que já arrumou. Das ciladas que armaram para você e, antes de entender que eram ciladas, chegou até a agradecer por elas. De quando descobriu como são feitos os bebês. A gente pode rir dos cárceres onde se prendeu e levou um tempo imenso pra descobrir que as chaves estavam com você o tempo todo. Das vezes em que se sentiu completamente nu diante de um Maracanã, tamanha vergonha, como se todos os olhos do mundo estivessem voltados na sua direção. Das mentiras que contou e acreditaram com facilidade. Das verdades que disse e ninguém levou a sério.

Não precisa ter pauta, seguir roteiro, deixa a conversa acontecer de improviso, uma lembrança puxando a outra pela mão, mas conta de você e deixa eu lhe contar de mim. Dessas coisas. De outras parecidas. Ouve também com os olhos. Escuta o que eu digo quando nem digo nada: a boca é o que menos fala no corpo. Não antecipe as minhas palavras. Não se impaciente com o meu tempo de dizer. Não me pergunte coisas que vão fazer a minha razão se arrumar toda para responder. Uma conversa sem vaidade, ninguém quer saber qual história é a mais feliz ou a mais desditosa.

Hoje eu quero conversar com um amigo pra falar também sobre as coisas bacanas da vida. As miudezas dela. A grandeza dela. A roda-gigante que ela é, mesmo quando a gente vive como se estivesse convencido de que ela é trem-fantasma o tempo inteiro. Um amigo pra falar de coisas sensíveis. Do quanto o ser humano pode ser também bondoso, honesto, afetuoso, divertido e outras belezas. Dos lugares onde nossos olhos já pousaram e daqueles onde pousam agora. Um amigo para conversar horas adentro, com leveza, de coisas muito simples, como a gente já fez mais amiúde e parece ter desaprendido como faz. Um amigo para se conversar com o coração.

E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras.

Ana Jácomo

sábado, 29 de maio de 2010


"Assim, para quem ama, o amor, por muito tempo e pela vida afora, é solidão, isolamento, cada vez mais intenso e profundo. O amor, antes de tudo, não é o que se chama entregar-se, confundir-se, unir-se a outra pessoa. (...) O amor é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo por si mesmo, tornar-se um mundo para si, por causa de um outro ser: é uma grande e ilimitada exigência que se lhe faz, uma escolha e um chamado para longe."

Lou Andreas Salomé.

quinta-feira, 27 de maio de 2010


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança,
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança,
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.

Camões

terça-feira, 25 de maio de 2010

...Eu adivinho coisas que não têm nome e que talvez nunca terão. É. Eu sinto o que me será sempre inacessível. É. Mas eu sei tudo. Tudo o que sei sem propriamente saber não tem sinônimo no mundo da fala mas me enriquece e me justifica. Embora a palavra, eu a perdi, porque tentei falá-la. E saber-tudo-sem saber é um perpétuo esquecimento que vem e vai como as ondas do mar que avançam e recuam na areia da praia. Civilizar minha vida é expulsar-me de mim. Civilizar minha existência a mais profunda seria tentar expulsar a minha natureza e a supernatureza. Tudo isso no entanto não fala de meu possível significado. O que me mata é o cotidiano. Eu queria só exceções. Estou perdida: eu não tenho hábitos...

domingo, 23 de maio de 2010

A morte devagar...

Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.

Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.

Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.

Martha Medeiros

segunda-feira, 17 de maio de 2010

"Mas gosto, gosto das pessoas. Não sei me comunicar com elas, mas gosto de vê-las, de estar a seu lado, saber suas tristezas, suas esperas, suas vidas. Às vezes também me dá uma bruta raiva delas, de sua tristeza, sua mesquinhez. Depois penso que não tenho o direito de julgar ninguém, que cada um pode — e deve — ser o que é, ninguém tem nada com isso. Em seguida, minha outra parte sussurra em meus ouvidos que aí, justamente aí, está o grande mal das pessoas: o fato de serem como são e ninguém poder fazer nada. Só elas poderiam fazer alguma coisa por si próprias, mas não fazem porque não se vêem, não sabem como são. Ou, se sabem, fecham os olhos e continuam fingindo, a vida inteira fingindo que não sabem."

in Limite branco
"Nunca me confrontei com as desilusões porque sou um ser solitário. Afasto-me das pessoas e observo-as de longe; nunca consigo vê-las de muito perto, sem enquadramento. Enfrentando a imperfeição aprendi a perdoar. Olho a raiz das ações, e concluo que também eu a podia ter cometido A pior delas".

(Nas tuas mãos, Inês Pedrosa)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

terça-feira, 11 de maio de 2010


[...] O tique-taque do relógio tinha um volume satisfatório e pensei que finalmente não me sentiria mais sozinha ali. Estaríamos eu,meus livros e algo próximo de outro coração batendo, mesmo que apenas na regularidade.

John Harding - A menina que não sabia ler

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A sete chaves

Ela é a moça que sonha
O tempo não lhe escorregar
Seus segredos
Não vem a tona
Porque hão de se preservar
Como pode assim um coração
A sete chaves se trancar
Pode esconder a emoção
Com tanta ternura no olhar
É só lembrar pra ver
É, parece que ela tem na ponta dos dedos
O caminho que trilhar
Parece sofrer com a espera de tudo que sonhar
Mas é seu jeito de levar
Qualquer coisa que lhe destoa
É pouca para lhe faltar
Sabe a hora de rir à toa
E também a hora de chorar
Ela pode ter um novo amor
Para em mil pedaços revirar
Peca na incerteza da paixão
Mas num passo sabe contornar
É só lembrar pra ver
É, parece que ela sente as cores do vento
O destino que traçar
Parece temer a força que vem de dentro
Encantar, pra nunca mais deixar
Pra sempre me levar


Essa música linda é da Banda Maglore, uma banda nova (formada em 2009) que figura entre as apostas da crítica especializada baiana para o ano de 2010. Já tendo tocado em grandes festivais no Brasil como o Fun Music (SP) e o Festival de Verão Salvador (BA), a banda faz um Rock Tropical com influências do Folk Americano, do Rock Britânico e MPB setentista, forjada no caldeirão de ritmos que é a cidade de Salvador.

terça-feira, 4 de maio de 2010

O amor desconhece a agressão


O que há por trás de cada agressão senão o medo? E, o que há por trás do medo senão a falta de amor?Não te enganes em tuas justificativas para as agressões que cometes contra ti mesmo e contra os teus irmãos.No fundo, apenas queres ser amado, acariciado pelas mãos da vida.Lembra que onde o coração descansa, o amor ecoa sua canção.Lembra que a única realidade que fica é o amor.Tudo que está em oposição ao amor não tem significado, passa como os ventos antes das chuvas, como os dias antes das noites.Portanto, procura não alimentar e nem dar realidade àquilo que tem por objetivo obscurecer a tua luz, dando-te como consolo a culpa, a escuridão, por teres ferido não só ao teu irmão, mas a ti mesmo.Alimenta tua amorosidade, tua alegria, teu silêncio de paz.Mas, se não puderes controlar a fúria em teu ser, silencia e observa.Aprende que tamanha energia pode ser usada em prol do entendimento,da compreensão do teu momento presente, e não usada, equivocadamente, contra aquele que imaginas querer destruir tua paz.Não há no céu ou na terra alguém que tenha o poder de apagar o que desejas manter aceso.E que esta chama seja a fidelidade à tua inocência, ao teu desejo de compartilhar com os teus o que de melhor tens aprendido. "
Persiga um sonho, mas não deixe ele viver sozinho. Descubra-se todos os dias,
deixe-se levar pelas vontades, mas não enlouqueça por elas. Procure, sempre procure o fim de uma história, seja ela qual for. Dê um sorriso para quem esqueceu como se faz isso. Acelere seus pensamentos, mas não permita que eles te consumam. Olhe para o lado, alguém precisa de você. Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca. Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os. Procure os seus caminhos, mas não magoe ninguém nessa procura. Arrependa-se, volte atrás, peça perdão! Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário. Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas. Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir, siga! Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a. Se perder um amor, não se perca! Se achá-lo, segure-o!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Tento não pensar em você

Eu tento não pensar em você. Eu tento.
Eu vou me esparramar no tapete da sala, tomar uma coca-cola com limão e gelo e reprimir a sua presença constante aqui dentro do meu pensamento ordinário.
Não consigo medir com palavras, a clareza dos fatos se perdem dentro da minha inconstância. Me proibo de pensar coisas à seu respeito.
Eu preciso saber que horas você vai dormir, preciso saber se está com frio ou calor.
Eu preciso ter certeza que você vive, mesmo que seja longe de mim. E que respiras, que sente o mesmo que eu. Que possas tocar minha inocência exagerada com urgência e me levar contigo pra qualquer lugar. Meu coração pulsa involuntariamente em ordem desconexa seguindo as leis dos meus pensamentos absurdos.
Tento de forma execessiva não olhar para trás, cada passo em falso é um rastro amargo de insolúveis lágrimas consolidadas e desequilibradas que se agrupam em minha face pedindo a rispidez de minha loucura.
Talvez eu congelasse ao sentir que poderia te encontrar em algum canto da cidade, ou talvez eu pudesse te abraçar sem mistérios. Escondida da própria culpa, do próprio erro.
Tenho paciência, aguardo a minha busca por você de longe ou perto, eu sinto apenas...
E se já não tenho medo, a veia da lucidez me arranca das minhas vontades.
Eu me agarro forte, na intolerância das minhas perfeições e faço tudo errado.
Deixo você ir, mesmo sem nunca ter vindo.
E me espremo nos muros das limitações, que me cercam, que se alojam aqui ao meu lado.
Eu sei que seria o máximo, eu sei que seria feliz, mas ainda assim... não tento.
E te espero mediante as ilusões mais bonitas, te cerco nos pensamentos e tento não pensar...
Mas na verdade em penso muito, muito em você.
Penso nas coisas mais tolas, nas suas palavras descritas diferentes das minhas, penso que você está aí e eu aqui, não posso te tocar.
Não mesmo, ainda assim eu penso.
E gosto, gosto de saber que também pensas.
Que apesar de tudo ser tão proibido, poderá ser algo bonito.
Ah, bonito!

Aplausos pra JU FUZETTO!http://umlugaraosolpertodovento.blogspot.com

Ser credencialista...

O Brasil é o país do credencialismo. Como se sabe, credencialismo é o fenômeno caracterizado pela sobrevaloração dos títulos, diplomas e credenciais em detrimento do conhecimento que deveriam representar. Ou seja, para o Homem Medíocre, o conteúdo aprendido com a educação, e que levou à conquista do diploma, é irrelevante. Bastam as credenciais, a educação cumpre apenas um papel formal de treinamento. Para ele não interessam o conteúdo das aulas, a divergência de posicionamento dos autores, as contradições e paradigmas inerentes ao assunto, mas somente o valor instrumentalizado que o conhecimento irá fornecê-lo com um certificado de aprovação ao final. O Homem Medíocre, se é advogado, só lê os Códigos e as Leis, se é médico, somente livros sobre medicina, se é engenheiro, somente cálculos e fórmulas, e segue-se indefinidamente. Ele é o perito, especialista naquilo em que o diploma o legitima, e ignorante em tudo o mais. Ele é um cão adestrado, que late na hora certa, mas não sabe que morde um cano de PVC. Ele é o palestrante que lê tediosamente o powerpoint. Mas o HMC é manso, porque não sabe contradizer ou argumentar, porque já foi domesticado na mediocridade e na arte do sorriso automático. Além do mais, no Brasil, as escolas de ensino superior particular surgiram porque a demanda por ensino superior é maior do que a demanda por ensino superior de qualidade. Isto é, surgiram para preencher a lacuna que o credencialismo produz: cada vez mais pessoas têm um determinado título, e cada vez um novo título (especialização, mestrado… ) é necessário para conseguir uma melhor colocação no mercado de trabalho. E cada vez mais pessoas medíocres chegam a concluir o mestrado. A tese é um grande resumo de outras teses, e cada capítulo é como um verbete da Barsa. É fácil reconhecer um Homem Medíocre: ele pode até ter doutorado, mas acha que o Lula é analfabeto, não sabe em quem votou pra vereador, e ainda sai pra dançar funk no final de semana. Mas muitas vezes o Homem Medíocre credencialista se dá muito bem na vida, sua sorte é que ele se depara com muitos outros iguais a ele, que se impressionam com sua longa lista de títulos sem conteúdo. Atualmente, os certificados são a verdadeira personalidade da mediocridade, enchem o frágil Homem Medíocre como um balão e toda a sua classe aplaude quando ele sobe, cheio de vento.

Aplausos: T.P.M.Teoria e Prática da Mediocridade http://guiatpm.wordpress.com/

domingo, 2 de maio de 2010

sábado, 1 de maio de 2010

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"Creio que aqueles que mais entendem de felicidade são as borboletas e as bolhas de sabão... Ver girar essas pequenas almas leves, loucas, graciosas e que se movem é o que, de mim, arrancam lágrimas e canções. Eu só poderia acreditar em um Deus que soubesse dançar. E quando vi meu demônio, pareceu-me sério, grave, profundo, solene. Era o espírito da gravidade, ele é que faz cair todas as coisas. Não é com ira, mas com riso que se mata. Coragem! Vamos matar o espírito da gravidade! Eu aprendi a andar. Desde então, passei por mim a correr. Eu aprendi a voar. Desde então, não quero que me empurrem para mudar de lugar. Agora sou leve, agora vôo, agora vejo por baixo de mim mesmo, agora um Deus dança em mim!'

(Friedrich Nietzsche)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Incentivo-da caxola

Se foi preciso um beliscão pra perceber que o que eu fiz e o que eu faço, um dia, vai valer a pena; o beliscão eu tomei de quem eu admiro profissionalmente. Já fiz muitas coisas que vão contra os ditos meus princípios, fiz coisas que me dão vergonha hoje e até que me orgulham, e que faria novamente.

Escrevi carta e não entreguei, tirei foto escondida e até escrevi um mini-diário de menininha e de fato entreguei. Se me arrependo dessas coisas? Não! Hoje não… mas já me arrependi em algum momento de ter feito essas coisas, sem dúvidas. mas uma hora ou outra é preciso arriscar!

E pelo twitter, pude comprovar que, de fato, vale a pena esse risco. “É preciso ser muito humilde pra ter coragem de se expor…”, disse a Tati Bernardi, escritora, redatora, blogueira e ótima roteirista da qual sou fã mesmo! Tive que completar e falar que sim, valia a pena se expor!

E o beliscão dela foi de confirmação e em caixa alta: “VALE MESMO!”.

*


"É comum pensarmos que, ao ficarmos parados no mesmo lugar, sem agir, sem mudar nada, estamos assegurando um destino tranquilo. Engessados na mesma situação, é como se estivéssemos protegidos de qualquer possível ebulição que nos inquiete. Sssshh. Quietos. Ninguém se mexe pra não acordar o demônio.

Não deixa de ser uma estratégia, mas falta combinar com o resto da população. As pessoas que nos cercam sempre interferirão no nosso destino. Se dermos uma guinada brusca ou permanecermos na rotina, tanto faz: o mundo se encarregará de trocar as peças de lugar nesse imenso tabuleiro chamado dia-a-dia.

(...) Mas adianta fazer planos? Seja qual for o caminho que optarmos seguir, haverá altos e baixos. E isso é tudo. Se fizermos uma auditoria em nossas vidas, em algum momento questionaremos: “e se eu tivesse feito diferente?”. O diferente teria sido melhor e teria sido pior. Então o jeito é curtir nossas escolhas e abandoná-las quando for preciso, mexer e remexer na nossa trajetória, alegrar-se e sofrer, acreditar e descrer, que lá adiante tudo se justificará, tudo dará certo. Algumas vidas até podem ser tristes, outras são desperdiçadas, mas, num sentido mais absoluto, não existe vida errada."

(Martha Medeiros)
"Toca música aqui dentro quase o tempo todo,
e há uma satisfação secreta que precisa se manter secreta
para não passar por boba.
Há crianças e adultos dentro de mim, todos da mesma idade"

(Martha Medeiros)

"Acho que quem está de fora não pode condenar, condenar simplesmente é desprezível — é preciso compreender."

(Caio Fernando Abreu)

...

"É noite aqui. Levanto os olhos pro céu como se quisesse caçar estrelas que me escapam em pleno vôo. Pergunto-me, como é possível sentir alguém tão distante e, no entanto, poder ler cada dobra de seus lábios. O monstro de chocolate continua fazendo sombra na minha escrivaninha. Continua nevando aqui. Mas muito pouco. Eu fujo da neve, para que meu coração não esfrie. Vai ver esta neve é a caspa de Deus coçando a cabeça, enquanto pensa no que vai fazer comigo."

(Pipa)

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Uma Preleção para Liesel

Quando um judeu aparece no seu local de residência nas primeiras horas da madrugada, bem na pátria do nazismo, é provável que você experimente níveis extremos de incômodo.Angústia, incredulidade,paranóia.Cada uma desempenha seu papel, e cada uma leva à suspeita furtiva de que uma conseqüência não propriamente paradisíaca lhe está reservada para o futuro.O medo reluz.Implacável, nos olhos.
O surpreendente a assinalar é que, apesar desse medo iridescente,brilhando como brilhava na escuridão, de algum modo eles resistiram à ânsia de histeria.

Markus Zusak

De que é feita uma amizade?

Uma amizade é feita
De afeto
Mesmo à distancia sobrevive à longa ausência
Alimentada por mensagens
Reflexões dos bons momentos divididos
Compostas de mensagens comemorativas, aniversários, Natal
Mas ter amizade de verdade
É acreditar no outro
Mesmo a distância compartilhar problemas,doenças
E seja qual for o momento de conquista
Alegrias ou tristezas
Compartilhamos
...
Marta Kurosaki

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Harmonia exterior


A harmonia que podemos alcançar com nosso mundo exterior depende da harmonia interior, medida pelo estado de preenchimento, contentamento e união da mente, intelecto e memórias. A ausência de pensamentos inúteis indica integridade do eu, economia de energia e alinhamento da mente com a verdade. Da mesma forma, quanto mais conseguirmos combinar nossa mente com a dos outros - ver o ponto de vista deles, respeitar suas crenças e entender suas naturezas - mais harmonia estaremos semeando nas relações humanas. A harmonia exterior da vida espiritual é o espaço onde todos nós podemos existir com felicidade, sem queixas ou controle.

Humildade

Não pense que se você for humilde outros pisarão em você. É quando não há humildade que você facilmente fica influenciado pelos outros e as coisas parecem difíceis. Com humildade você sabe internamente que sua meta será alcançada, independente do que os outros dizem ou pensam. Uma pessoa humilde nunca sente que tem de se curvar aos outros. A cabeça não fica lá em cima nem lá em baixo, simplesmente segue em frente, como um anjo. Humildade revela a sua verdade.

domingo, 25 de abril de 2010

...

"Houve uma época em nossas vidas em que estávamos tão próximos que nada parecia obstruir nossa amizade e fraternidade e apenas uma pequena ponte nos separava. Quando você ia subir na ponte, eu lhe perguntei: "Você quer atravessar a ponte até mim?" Imediatamente, você deixou de querê-lo e quando repeti a pergunta, você ficou silente. Desde então, montanhas, rios torrenciais e o que quer que separe e aliene interpuseram-se entre nós e, mesmo que quiséssemos nos reunir, não conseguiríamos. Agora, ao pensar no pontilhão, você perde as palavras, e soluça e se maravilha."

(Quando Nietzsche Chorou por Irvin D. Yalom)

Percepção


Percebo o quão bom é, estar perto das pessoas que nos fazem bem.Dar risadas,enxugar lágrimas,e jogar muitas conversas ao vento.Sentir um pouco do outro,mesmo que este não consiga demonstrar nenhum tipo de afeto do tamanho do seu, ou do tamanho que você espera, mas que consegue dizer muita coisa com um olhar,um abraço ou com um simples sorriso.
Temos uma tendência de nos deixar influenciar pela atmosfera e humor dos outros.Se o ambiente é bom nos sentimos super bem.Se a companhia é ruim, perdemos o brilho.
Mas pense numa rosa fragrante. Será que ela deixa de ser fragrante a depender do local em que está? Não, absolutamente.Uma rosa fragrante é sempre fragrante.
Esta é a natureza dela. Da mesma forma, não importa onde nem com quem você esteja,
nunca deixe de expressar sua virtude.Virtude é a fragrância da alma.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Baiano Graças a Deus, Sim senhor!!

É fato: somos o que o que somos e não importa o quanto se filosofe sobre o assunto ou quais teorias sejam escritas sobre nós nas bolachas de chope do Leblon (ou com a flexibilidade dos espaguetes das cantinas do Bixiga), o baiano vai ter seu jeito próprio e inconfundível de ser até morrer atrás do trio, com a lata de cerveja na mão, vibrando nos acordes de elétricas guitarras.
Mas, como a Bahia não vai morrer nunca, a passagem desse bastão de lata, dessa malemolência, desse sabor de tarde amortecida, dentro da casa grande e da senzala, graças a Deus – para o seu desgosto ou confusão, caro estrangeiro – não vai findar. É nossa marca, nosso orgulho nacional. Nacional, sim senhor! É isso mesmo que você ouviu (ou leu) pois a Bahia nada mais, nada menos é do que um país de tantas facetas e lados, que os imprudentes teimam em chamar de estado.
Estado… Pois sim! A Bahia é universal e disso só não sabe quem nada perguntou a Edil Pacheco.
Portanto, recomendo: Para melhor compreender o que somos e podemos, desconfio que a solução talvez não esteja em mudar o jeito baiano de ser, mas em forçar um giro de 180º na forma que as pessoas veem como o baiano é.
Pra começar, o cara que não entende a Bahia é porque, quando ele vinha, a gente ia. E aqui é um lugar tão especial que você já começa a chegar a Salvador na hora em que compra a passagem.
A seguir, listo algumas modestas contribuições que podem ajudar aquele que é de fora a compreender como somos aqui dentro.
Primeiro. Ser baiano não é só uma questão de geografia. Alguém pode ter nascido, agora, tranquilamente, em Copenhague. Se quando ele chorar você escutar uns atabaques, é porque nasceu mais um baiano de verdade.
Outra lenda que o bom senso manda jogar por terra é essa de que – mesmo com a nossa história plena de realizações em todos os campos da produtividade, desde o braçal até o intelectual – não trabalhamos. Trabalhamos sim, e muito! E trabalhar além do que já fazemos seria mais redundante do que tentar pôr trança em rastafari.
Está certo, tenho de admitir, se trabalho fosse bom, Caymmi teria nascido em São Paulo, mas essa constatação não nos torna eternos bronzeados, deitados numa rede, tomando água de coco. Quem é de fora precisa, definitivamente, compreender uma coisa sobre nós:
Acredite, na maior parte do tempo o baiano trabalha muito. No tempo que sobra, já que ninguém é perfeito, ele se dedica, com afinco, em pensar como resolver, urgentemente, esse problema.
E, se você quer saber a razão de tanta festa, a Bahia só faz festa o ano inteiro porque ficou combinado que trabalhar seria atribuição dos outros. Só que ela, dentro de sua nobreza, não cumpre isso; e até mesmo festejar, meu nego, dá um trabalhão danado. Experimente e você vai saber do que falo.
Outro fator que contribui pra essa festança é que a baianidade será sempre uma linha traçada sobre a distância mais curta entre o cérebro e a cintura. E se isso, algumas vezes, pode ser o nosso abismo, também é a nossa salvação, aquilo que nos difere de outros povos da Terra Brasilis. E é em cima dessa linha esticada que a representa (e que já é ela mesma) que a baianidade se equilibra. Mais coerente impossível.
De uns tempos pra cá, ranzinza como sou, tenho reclamado que, musicalmente, na Bahia, sabe-se lá por qual capricho da estrutura, parece que a maioria dos cérebros desceu para cintura. Mas essa é uma via de mão dupla onde cada chacra, seja o de baixo ou o de cima, nunca perde por esperar. Não em Salvador, terra em que a cortina sobe e desce o tempo inteiro para mais um espetáculo da excelência do improviso.
Mas temos também nossos pontos negativos, não vou tapar o Farol com a frigideira. Só que, até isso, como aquela melequinha de Gisele Bündchen flagrada na revista de famosos, faz parte do Belo de nossa grandeza. Nada há sem o lado B, nem você.

Daí que convém ficar atento a algumas recomendações:

1. Quando se chega antes a um encontro, na Bahia, duas coisas há que se ter sempre em mente: esqueça o relógio e sente. Baiano que é baiano marca um encontro pra hoje, mas só chega para o ano. Somos o rei do estamos indo e faz parte de nosso sangue não admitir isso. Mas, quer saber? Pra você ter uma idéia, se tivesse sido criada na Bahia a expressão per saecula saeculorum seria grafada como é pra já. Só que vocês não vão entender nunca, já que existem coisas por aqui mais importantes do que a pontualidade – e chegar atrasado é uma delas. Como sublinhou Risério, não dá pra largar a conversa só pra cumprir o relógio. E o baiano só não é pontual porque tem, aí sim!, preguiça de fazer frente à concorrência de Londres.
2. Tampouco estranhe muito esse costume “detestável” que o baiano tem de fazer xixi nas ruas, pois, de certa maneira, não deixa de estar coerente com as políticas, aqui, implementadas – de Educação, inclusive. Daí que, a cada logradouro que é pavimentado em Salvador, a Saúde agradece ao Erário a melhoria das condições de seus públicos sanitários. É só outra forma do governo exercer o saneamento. Entre um pipi e outro, pense nisso e vá relevando.
3. Onde come um come um exército. Na Bahia, esse é o credo. Portanto, fique atento. Aqui, quando você convida, seu único convidado se acha no direito de levar junto um regimento bem maior do que a comida. Não pode dar conta de um batalhão? Então não convide nem unzinho, sequer, para o feijão.
4. Outra coisa: eu posso falar mal de Salvador, mas você não. Faz favor!!!!
Por fim, Se você não é universal, não queira entender a Bahia porque vai se dar mal. E lembre-se: baiano, que tem tanto carisma que já nasce com empresário, só filosofa sentado porque o copo fica melhor acomodado.
E como sou seu brother deixo-lhe um valioso adendo:
Não basta descobrir o que a baiana tem. Você tem que ter também.

Créditos: http://jeitobaiano.wordpress.com

Na minha parede...


Essa semana um ser inesperado apareceu na minha parede.Fiquei horas olhando para ela, simplesmente hipnotizada.

domingo, 4 de abril de 2010

Olá criaturas..a Deise atende agora nesse endereço
http://freebunda.wordpress.com/

Tô sendo redatora desse blog..junto com uns amigos!!
Portanto..passe por lá,e deixe seu recado!

Um bjo!